segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amor, atuação na rede da informação

Comunicação digital é a tangibilização, por parte da tecnologia, da rede
invisível a qual pertencemos e que paradoxalmente anula e potencializa o
espaço-tempo através do conhecimento, gerando através da interação holística a
sustentabilidade.

A tecnologia tem um impacto e tanto em nossas vidas – não a toa cunhamos a evolução de nossa espécie a partir dos adventos tecnológicos, da pedra ao ouro, tudo converge em algum momento do pós-pós – tentamos apreender nosso momento atual em conceitos ao invés de vivê-lo em sua plenitude; ignorantes em saber que necessitamos de certo distanciamento para melhor entender e referenciar algo.

Cada vez mais a aldeia torna-se global e o mundo se torna uma aldeia – a geografia se encontra em um processo de encolhimento e nós no de franca expansão.

Harmonizar este paradoxo só é possível através da força e clareza do Amor – Eros/impulso, Ágape/direção e Philia/União que, reunidos, realizam o Amor fati/confirmação do destino: de si, da raça humana e do planeta Terra.

É chegada a hora.

Quantos de vocês ainda usam relógio de pulso? Eis o impacto das novas tecnologias na invenção de St.Dumont. Não apenas nesta. Em breve, holoconferências – videoconferências holográficas - reduzirão os vôos comerciais (e consequentemente o impacto ambiental destes). Tanto o relógio, quanto a aviação não serão mais uma necessidade, mas um desejo estético.

Da mesma maneira invertem-se desejos em necessidade – executivo que não tem smartphone corre o risco de perder clientes.

Mas como isto impacta nas gerações?

- Pós-30

Se adequa a tecnologia com certa aversão; processos mais lentos e menos eficazes; maior profundidade ; quando domina a tecnologia se apega e a usa como status.

- Pré-30

Nasce com a tecnologia; ‘goes with the flow’. Potencialmente mais eficazes e rápidos, nitidamente mais superficiais – pecam por não explorar seu potencial em rede; quando domina a si se desapega, usa a tecnologia para transformar seu mundo e se conectar de verdade ao Todo.

Ø Necessidade de convergirmos e colaborarmos para explorar o melhor de ambos os mundos (pré+pós)

Ø Realizar o plento potencial tecnológico superando as limitações do hábito pessoal e da cultura geracional

Ø Como está tudo a um clique, cai-se da conveniência no comodismo, o que leva a estagnação – a web tem todas as respostas, mas será que sabemos fazer a pergunta correta?

Satisfazer mil desejos ou conquistar apenas um?

A paz mundial através da inteligência coletiva é uma realidade. Um vazio preenchido pelos valores construídos através de nossas interações. Eis o princípio e o fim do Amor como meio.

E o que se faz em contra-partida?

Redes que instigam a violência e a competição: exemplos como usarmy, hezbollah, ethnic cleansing e outras calamidades instigadas pelo medo e pela ganância, enraizadas na ignorância.

Mas há uma luz no fim da banda larga: exemplos como os projetos freerice, WeAtheR, waterfootprints e tantos outros.

Falava antes então sobre o fato da tecnologia determinar nosso grau de evolução. E vimos nestes exemplos que a tecnologia é a mesma, mas o fim é diferente.

Será que isto não importa?

No TED2009, Juan Enriquez, afirmou que a humanidade se encontra em um novo estágio evolutivo – homo evolutis – devido à alta tecnologia: estamos conectados e a robótica, bem como os ciborgues são uma realidade.

Mas qual a diferença entre o humano recém-emergido dos macacos que extravazava sua agressividade através de paus e pedras e aqueles que ao longo do tempo usaram lanças, facas, armas de fogo e agora apertam botões – a evolução foi da destruição do indivíduo à massa.

Vivemos um momento de convergência e reconstrução de nossa sociedade – podemos chamá-la de sociedade 2.0 (da informação) ou até 3.0 (da consciência) se quiserem.

Mas ao que nos conectaremos?

Precisamos realizar a mensagem no meio.

Minha proposta evolutiva, que pesquiso desde 2005, é o homo amabilis – aquele que converge em si os elementos e cresce na medida que se torna maior que as partes.

Em suma: precisamos ainda evoluir emocionalmente, porquanto já o fizemos suficientemente no âmbito racional e tecnológico. Já atuamos em rede antes, apenas desaprendemos: ao buscar nossa individuação escorregamos e caimos no individualismo; ao dar o salto evolutivo para a oitava superior da rede humana, estagnamos no momento tenda.

Falamos atualmente de Tribos, depois de um boom das comunidades – em termos não apenas de conceitos, mas de e nas práticas estamos nos revisitando: tribos e comunidades são termos bem ancestrais – talvez para fazermos algo melhor de nós mesmos, de nossa raça e da história.
Talvez para acertarmos o rumo da evolução que no processo das tribos ao invés de privilegiar a individuação acabou, por medo, fortalezando o individualismo.

E engana-se quem acredita que nos tornamos mais independentes – Não existe independência sem interdependência. Da mesma maneira que não existe liberdade sem segurança. Hoje em dia estamos dependentes demais nos quesitos básicos – alimentação do corpo e da alma.

O homem livre é aquele que faz o que tem que fazer. E entende seu lugar no mundo.

Por isto é que a Ubiqüidade é relativa e está em constante expansão. Participação também. Antes o mundo conhecido era um, agora, enquanto ainda há fronteiras, estas se encontram em franca expansão.

A participação também é relativa e crescente. As mulheres votam há pouco mais de 100 anos; há menos de 150 anos ainda havia escravidão – hábito atualizado através das empregadas hoje em dia; há menos de 30 anos dizia-se haver 22% de analfabetos no Brasil; quando vemos “o povo fala na TV” nossos ouvidos enrubecem e nossa consciência se curva à ansiedade e angústia de viver em uma sociedade assim.

Isso tudo sugere um cenário negativo para o uso das mídias sociais no geral, em especifico para o cenário político, certo?

Errado – Sêneca já reclamava que os romanos davam mais atenção à cabeleira que à República e se formos generosos, entenderemos que a evolução humana é menos audaz e rápida quanto se pressupõe é alentador: informação e linguagem sempre foram símbolos e ferramentas do poder, mesmo em meio aos brutamontes.

Do clero à nobreza, da nobreza à burguesia e da burguesia ao povo o cetro do poder passou de mão em mão apenas com as devidas anuências da gestão anterior – o clero precisava da nobreza para se financiar; esta por sua vez precisou da burguesia para se financiar e como esta queria comprar seu estatus, todos se entenderam. Ao povo o mínimo de educação para poder produzir melhor, consumir direito e não atrapalhar tanto o convívio social.

Já postei sobre isto no blog do professor, da #comunadigital: como as marcas vem de um passado egóico da mídia de massa e agora tem que aprender a dialogar e a interagir, transcendendo seu ego corporativo.

Por isto que durante um breve encontro que tive com Pérre Levy, chegamos à conclusão de que uma revolução na educação através de tecnologia não é possível senão através das redes – o poder centralizado dá apenas o que lhe interessa para se perpetuar. Ensina a apertar o botão, diploma o ego, mas não ensina a pensar – a liberdade de pensamento é perigosa ao sistema centralizado.

O poder da rede tende a ser maior e irá nos levar à mudanças mesmo que involuntárias – nossos hábitos mudarão, porque a cultura muda com a economia e conceitos como Cauda Longa, Free e inteligência coletiva são pilares desta nova Era.

Uma Era onde a democracia e participação cedem vez à pluricracia e interação – não queremos uma parte, somos o Todo.

Já nos é possível convergir o melhor mundo possível dentro de um universo de possibilidades – apenas para não deixarmos de homenagear Leibniz, fonte da qual também bebe Piérre Levy.

Uma Era que ruma da informação para a Era da Consciência – erigida quando transcendermos o ego e alcançarmos nosso pleno potencial: o Ser em Rede – pois tudo que é sustentável tem padrão de Rede.

Quem sabe assim, através do Amor – próprio, com o Outro e com o Todo –, não realizamos o Übermensch nietzschiano?

Na transcendência do dualismo e fortalecimento da rede, do Ser e do Superorganismo,

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