Resumo
No TED 2009, Juan Enriquez - Chairman e CEO da Biotechonomy - palestrou sobre o futuro da humanidade e cunhou sua visão sobre nosso (próximo) estado evolutivo: devido ao avanço da tecnologia, estariamos atingindo o estágio de homo evolutis.
O que me intriga nesta visão é que tecnologia é ferramenta e está cada vez mais se tornando commodity. E de qual evolução se trata o tal homo evolutis, se a única diferença para o Homo Habilis era que ao invés de uma arma de destruição em massa antes matava-se com paus e pedras, passando por armas brancas, de fogo... nossas ferramentas evoluiram. Mas e nós? Será que nosso mind set evoluiu?
Desde 2005, mais precisamente em 2008, comecei a apontar o que na minha visão é o novo Ser Humano, o Übermensch nietzschiano – em uma leitura bastante particular de Zaratustra: é o Homo Amabilis, nosso vir-a-ser, a verdadeira evolução de nossa espécie; mais do que um novo estágio, é a proposta de um salto quântico que potencializará o uso das atuais e das futuras tecnologias, bem como otimizará relacionamentos, processos e resultados, posto que principiando de uma abordagem sustentável.
Nossa evolução está além-tecnologia, reside no conceito e na experiência do Ser em Rede – a tecnologia é apenas um meio para isto, nunca um fim.
Como colaborar e o que transformar?
Como pano de fundo, vamos abordar desde aspectos da biologia, da política, da ecologia a, lógico, a história da evolução – da comunicação e da humanidade.
Vamos dialogar com pensadores como McLuhan, Nietzsche, Maslow, Gramsci, Lenin, David Lynch, J.Lovelock, Pierre Levy, Leibniz, a escola de filosofia budista Madhyamika, Bakunin, entre tantos outros que ajudaram a forjar o pensamento humano.
Tudo isto para lhes apresentar minha tese de que é o Amor que nos levará da presente Era da Informação, começada em 1991, à Era da Consciência – nossa próxima fronteira final.
E antes que o tempo acabe ou me internem, quero lhes provar que um novo mundo é possível – basta colaborarmos para transformar.
Torna-te o que tu és, ó Ser em Rede.
Homo Amabilis – o Ser em Rede
Premissa: entendermos o sentido real das palavras em questão – colaboração e transformação. Co-labor-ação é a ação resultante do trabalho conjunto e trans-forma-ação é a ação que altera e perpassa a forma. Neste sentido, pautados pela tônica em questão, nada mais é, tudo passa a Ser.
Em um mundo de facilidades tornou-se tão difícil amar.
Twitter, orkut, facebook, internet banking, delivery, 0800 e outras conveniências mais são facilidades tecnologicas e processuais que deveriam nos levar a um incremento da produtividade e eficácia e a uma melhora na qualidade de vida, deixando-nos tempo para investir naquilo que nos torna únicos e insubstituíveis – relacionarmo-nos e na interação construir o valor de nosso legado.
A minha tese é simples: O Amor é o elemento que nos falta para avançarmos no caminho da evolução humana, integrando-nos ao superorganismo Gaia, enzimas catalisadoras que somos – câncer que nos tornamos por negarmos nosso destino.
É no Amor que mais colaboramos – os casais, irmãos e amigos que os digam – e onde mais nos transformamos e ao entorno: da simples matemática do 2 virar 3 ou mais, até reflexões sobre um mundo melhor, passando pela reforma do quarto de bebê. No Amor, expande-se de sua existência autocentrada para ter com o outro – verbal e não-verbalmente.
A tecnologia e suas redes – que em seu uso se transformaram em sociais – vieram servir-nos como ferramental – anulam e potencializam, na dicotomia inerente ao paradoxo da web – segmentada e de massa, simultaneamente; em tempo real e perpetuadora – o tempo e espaço, aproximando pessoas geograficamente distantes ou com agendas descompassadas, mas tb tornando o parabéns um ritual de scrapbook e tapete vermelho online. Se usamos as redes para auto-promoção ou para o efetivo diálogo não é uma questão da rede e sim do ser humano – este sim, superficial ou denso, autocentrado ou cosmopolita.
Estamos acompanhando in loco a uma transformação da teoria: o topo da pirâmide de Maslow está sendo redefinida. O que até aqui era auto-realização consumada no cartão de crédito, agora é satisfação contemplada pela livre expressão. A auto-realização passiva de uma sombra de nós mesmos dá lugar a realização do Ser artista em todo seu esplendor: há espaço para a realização de nossos anseios criativos e devaneios existenciais, outrora oprimidos pelo sistema – agora é tudo open source.
E esta fase de transição ainda perdurará – Gramsci diria que vivemos uma época na qual o velho demora a morrer e o novo demora a nascer.
Amar é aceitar, no sentido de compreender, para empreender mudança consciente.
E devemos aceitar o fato de que a dialética virtual é o primeiro espaço democrático efetivamente amplo do qual temos noção na história – uma reedição em escala global da Ágora grega. Após séculos de retenção do poder da informação as pessoas finalmente passam de passivas consumidoras a agentes participantes do processo – e este amadurecimento requer tempo; o processo paciência: há pouco mais de 2 séculos a imensa maioria era analfabeta. E isto somente se alterou porque a burguesia necessitava de mão-de-obra um pouco mais qualificada e de consumidores minimamente escolados; mas não havia (não há) o interesse de fomentar o livre pensar – o único espaço onde isto é possível é a rede, onde não há coerção e sim auto-organização.
E é através da capilaridade da rede que as catástrofes naturais nos mostraram como podemos nos unir e irrigar nosso corpo social de solidariedade , compaixão e super-ação – a ação superior potencializada pela convergência do coletivo a um ponto em comum.
E se o meio é a extensão do homem, sendo sua mensagem, nada mais justo do que construirmos meios hábeis de convergir o coração de nosso pensamento, o equilíbrio de nossa fala e a razão de nossas ações – afinal, formamos a rede, mas ela também nos forma.
Através destes pontos, creio no desenvolver positivo da curva de nossa evolução, impulsionados pela tecnologia que ajuda a expor mentiras e fraudes e a disseminar a verdade: somos um planeta, uma raça e, graças, diferentes culturas – seria monótono demais termos apenas uma monocultura. E nada sábio, pois sabemos da agricultura que monoculturas são menos resistentes à pragas.
Rumamos então da Era da Informação para a Era da Consciência, onde cada célula da rede entende seu valor criado a partir da interação – afinal, só se é, sendo; e isto comumente em relação a algo. Acho que não preciso, tampouco tenho tempo, para adentrar na questão já amplamente debatida no Bezerro de Ouro.
E a Era da Consciência é atingida a partir de dois estágios – paradoxalmente concomitantes e sequenciados.
Explico: quando entendermos a transvalorização dos valores proposto por Nietzsche e o aplicarmos ao nosso Ser, compreendendo nossa insignificância individual, passaremos a nos reafirmar nas ações no e para o coletivo – tal qual abelhas trabalham para o bem da colméia. E tantos outros exemplos mais que encontramos na sábia natureza que nos ensinou tudo até a poucos séculos atrás, mas que arrogantemente agora desprezamos.
Nosso valor se encontra exatamente quando nos esvaziamos, posto que cheios somos incapazes de trocar e, assim, gerar valor.
Aliás, vale o elogio ao filme Avatar, que tão bem e corajosamente retrata isto – lá inclusive se encontra o conceito de rede, de tribos e de superorganismo.
braços carregam muito mais ajuda e compaixão que a mais forte das solitárias e poderosas mãos do planeta. A era da canetada está com as páginas contadas; todo poder ao social.
Se analisarmos bem, a representação pictórica de uma rede social – bolas e traços – pode ser igualmente utilizada para representar desde moléculas, células neurais, redes de TI, organogramas, mapas e até a constelações, onde um aspecto interessante é a observação de que a Terra com sua Lua é a representação macro da estética do átomo com seu elétron, bem como planeta e cometa representam cosmicamente o discurso fecundo do óvulo e do espermatozóide.
E esta abordagem toda é para evidenciar o Amor como a compreensão de um plano maior – onde o dentro é fora e o Todo é uno e múltiplo –, uma elevação do pensamento, da fala e das ações. A convergência a um ponto da criação do que ouso dizer seja o Übermensch nietzschiano – o homem que transcende em rede.
E este Ser em Rede a concretização de nossa divinificação: onipresente, onipotente, onisciente. Não cada célula, mas todo nosso corpo social.
Se pensarmos que há milhões de anos eramos organismos unicelulares que foram se juntando para formar organismos pluricelulares simbióticos e assim, no caminho da evolução, forjamos isto ao qual chamamos de corpo humano constituído de bilhões de células em constante interação e renovação – o que para uma é a morte é para o todo um novo ciclo de vida.
Entender esta dinâmica cíclica entre o princípio agregador, Eros, o direcionador, Ágape, e o fim harmonizador, Philia, é entender o conceito grego de Amor que se consolida no Amor fati – o Amor ao destino, não como passivos espectadores, mas agentes responsáveis por tornarmo-nos aquilo que somos em essência: Seres em Rede que criamos, organizamos e compartilhamos tal qual os preceitos do PKM - Personal Knowledge Management.
E é em Rede que alcançamos nossos melhores resultados. Sustentabilidade é Ser em Rede.
Na sustentabilidade do Amor, ponto de convergência, superação e elevação,
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