Escolhe, pois, com responsabilidade (Klaus Dt, 30)
O vazio é o inominável, o espaço-mãe de todos os fenômenos,
em ato e em potência, é o real em toda sua plenitude e formas.
O nada é quando este vazio já fora preenchido e deste estado
nada mais resta que lembrança.
Quando dizemos que sentimos um vazio, talvez seja justamente
por este nada deixado para trás se fazer tão presente em sua ausência que
transcende a falta do que havia e engloba a falta de tudo que ainda estava por
existir - o que torna o lamento amoroso correto ao menos sob o ponto-de-vista
teórico, já que na prática toda e qualquer interação e, portanto, escolha de
atualização do manifesto poderia ocorrer (dentre todas as sementes
não-manifestas de atualização da realidade) - podendo viver-se atualidade bem
distinta da projetada.
O tudo é mais que o nada, sendo menos que o Todo, uma vez
que aquele (tudo) se refere a uma expectativa quali-quantitativa de algo e se
encontra na confirmação da presença, sendo o nada seu equivalente na ausência;
já o Todo é a soma do presença e da ausência, é tudo aquilo que foi, é e estar
por vir - radicalmente poderiamos ainda afirmar que ainda contém aquilo que não
está por vir, mas que potencialmente poderia se manifestar dependendo de
estímulos de interação.
Essa reflexão metafísica serve para ampliar nossos
horizontes de possibilidades de escolha e reforçar nossa responsabilidade em
nosso processo decisório - a cada escolha, um infinito menos um de renúncias.
Mas ao invés disto se tornar inconscientemente um fardo,
devemos compreender nosso papel para transformar nossa obra e passar a agir na
vida consciente de cada escolha - viver, portanto, ou melhor, agir, é escolher.
Podemos fazê-lo consciente do processo e consequente responsabilidade ou
podemos fingir que não sabemos do impacto que a escolha de nossos atos e os
atos em si geram e as questões que daí implicam.
No vazio que tudo perpassa,