segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amor de quatro patas e duas rodinhas

Era uma esquina da Glória, a vida passando, seu sentido perdido em meio ao caos estagnava sem saber por onde ir. Parou o olhar em um cão idoso e paraplégico que do alto de sua condição ia além do óbvio da dor e do sofrimento e contemplava a beleza que é viver com amor e companheirismo.

Seu dono - ou melhor - amigo, ambulante de rua, sem aparecer, ofertava através de seu gesto natural uma lição de vida aos mais sensíveis e que estivessem passando por ali abertos aos ensinamentos constantes da vida: a beleza do viver em conjunto, até o fim, cada etapa da vida, aceitando com dignidade cada situação, amando a vida acima de tudo e a possibilidade de fazer dela o melhor dos mundos possíveis.

Essa é a jornada do Amor...

De ônibus, contemplando o Rio
A vida fluia
Espaço passava
O tempo escorria.

Por entre os dedos
E das mentes-corações
Esperanças, medos
Almas presas a ilusões

Ostentação
Frieza
Distância
Falta de rima e harmonia

Seres perdidos
Valores corrompidos
Diante de sua quimera
Ficam todos à espera

No sinal
Um ambulante
Com seu animal
ruptura estimulante

Um papelão
Uma calça
Um cão paraplégico
Detalhe mágico

Ali, sem recurso
Fruía o Amor
Da ação discurso
Enaltecimento da vida com imenso louvor

No latido rouco
Sentia-se da vida
de tudo um pouco
abria no peito velada ferida

O corpo cambaleante
Abria a consciência
Dos de vida errante
Expondo a demência

Exemplo dos ciclos da vida
De amizade, nobreza
Força, carinho, fraqueza
Fidelidade, Amor – lambida.

Não há abandono quando há Amizade
Não há tristeza quando há carinho
Não há fraqueza quando há companheirismo
Não há fim quando há Amor.

Na fortaleza da sensibilidade, na força de cada gesto, na eternidade da fidelidade,

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